quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FOME (324)

Se te perguntares
tu falas?
Tenho fome,
que me dói e enverga a alma...
Tenho pouco,
mas se quiseres,
ofereço-te
um punhado de dor e desespero
(a angústia do não ter a cada dia).
Queres comida?
Necessito,
com a urgência
do que não se pode mais adiar...
Mas preferes não mais falar (?)
cala-se (te)
com a sobriedade,
resignação e tristeza
de quem não tem mais porque dizer em seu socorro,
com o cansaço de quem se apresenta tão óbvio
aos possíveis leitores de sua miséria,
observadores,
platônicos,
atônitos,
inertes,
dispersos imersos em suas próprias realidades degradantes...
Afasta-te!
não me incomodes
(ofendas)
com a explicitude de tua pequenez...
que não é só tua
Diga-se
(a todos nós cabe)
humana,
aviltante...
Fraqueza...
como quem já não luta,
releva,
submete-se,
humilha,
rebaixa-se (?)
E se te estenderes a mão?
Precisas de ajuda?
Dá-me.
Tenho fome.
Preciso de alimento.



terça-feira, 30 de agosto de 2011

CLAIR DE LUNE (325)

Ela tem o som do silêncio,
a beleza das madrugadas
solitárias, frias e iluminadas...
Em si, guarda o (des)sabor da tristeza que lhe coube
carrega-a em segredo
junto às recordações que só a noite nos traz (a-trai)
impaciente, mas
resignada
à espera do novo dia,
que
se sabe,
irá nascer...



sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poderia... (326)

Comecemos pelo fim
(passou)
e tu passastes por mim...
porém,
não o permitiria
que o fosse
em brancas linhas...
então,
ofereço-te mais este
(é de bom grado)
Aceita-o
e a nossa ironia
(por fim, era eu quem novidade te trazia),
mas tu já carregavas o peso de uma escolha
e a prova não era minha...
(eu soube, mas já o sabia)
e tu te despedistes de mim,
sem choro,
sem rancor 
e sem mágoa...
porque anunciada,
pressentida,
como a tua chegada...
e tu me dissestes que tens um fim
(finalidade)
um prazo,
uma validade...
Mas cogitou,
hesitou,
não por mim,
por nós...
eu sei e tu sabes...
e tu me dissestes mais,
sujo (?)
alcunhou-te
a ti própria...
mas por mim,
não sei de tuas dores
(não me contastes)
não tive tempo...
nem eu e nem tu
(não mo demos)
e em verdade,
se acaso soubesse,
não te julgaria
(menor)
como não te julgo hoje...
não te apontaria
(pior)
como não te aponto hoje...
mas lamento,
o teu prumo,
a tua decisão
(e não a minha)
porque eu sei e tu bem sabes,
que poderia...

sábado, 23 de julho de 2011

19-91 (327)

Pressenti tua chegada
(tive medo)
(receio)
e quando me abordastes
(cogitei)
mas tu me estendestes a mão
e me destes boas vindas (...)
e tanta novidade tu me trazias
(porque não? É o que dizia)
então,
me oferecestes um número,
um nome
e uma assertiva
(teu rastro)
meu caminho,
tua guia
(segui)
como tu assim querias (...)
mas chegou o dia
que não esperava
(tão cedo)
e nem tão tarde
(confesso)
que tuas palavras coerentes 
e não as minhas,
que teu discurso coeso,
me pesaram tão mais que tua idade
(deixando tanto sem resposta)
que plagiando o poeta "a mão que bate e espalma"
(a mim e não a ele)
curvou,
calou-me
e assenti
porque as escolhas nunca foram minhas,
porque o sim e o não, que agora me ardia,
a mim não pertenciam
e tive de seguir
porque tentar 
(por ti)
não me adiantaria,
porque ficar
(por mim)
já não me cabia (...)
e sem calar o que sentia,
perguntei e obedeci,
porque ser ignorada
(por ti)
não me valeria
e novamente
(me repetindo)
a voz que me alumia (...)
só o que me resta,
é por-te em linha,
na tentativa
de por-te um ponto
(final).

sábado, 16 de julho de 2011

A CÁ ESTÁ (328)

Abordaste-me pedinte,
respondi que te reconhecerias em minhas linhas
(em qualquer dia)
despretensiosamente,
me leria e seria a ti
quem encontrarias ...
A cá está,
fi-la pra ti,
com quem comunguei
tantos gostos
e desgostos tantos outros,
que tu nem imaginas ...
e se acaso quis dizer mais do que disse,
(em tão breves linhas)
já não me recordo,
portanto,
o que há, é só.
Espero que baste.

terça-feira, 12 de julho de 2011

CAMALEOA (329)

Uma muda não te veste,
renova-te
(inova-te)
em ato contínuo,
na ânsia de ser quem és
(doce arfã de quem alumia)
(...)
Reinventa-te nesta tua morada
que agora te cabe, mas
(não) te comporta
e ao revés do quanto esperado, intentado, previsto (...)
extrapola,
espande,
contagia,
mas não se perde em meio a tantas formas (tuas),
identifica-se,
(encontra-te)
personifica,
inebria,
encanta
e assim
só assim,
se satifaz.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

AVESSO (330)

Apresenta-te contida,
vestida de sutilezas...
(por mim)
Dispo-a do avesso,
prefiro teu flagrante escancarado
a qualquer meias palavras (tuas).
Leio-a em
desalinho,
tingida em cores fortes,
para que tu (me) caiba
(se comporte)...
Assim, permito que tu sejas,
busco o melhor de tuas matizes
(para que tu me ofereças)
aquela que guardas
(sem nome).

sábado, 23 de abril de 2011

SABES ... (331)

A VONTADE
que tenho é arrancar-te a roupa 
(com pressa)
e não precisa muito,
basta o suficiente para que eu veja um pedaço de tua pele 
(que não alcanço).
(...)
Enquanto me contas 
(devaneio)
desvio o olhar pra tua boca
(disfarço)
reato o prumo
(sem êxito)
e novamente me perco,
ANTECIPANDO 
minha língua na tua (...)
(...)
O que teu corpo me diria 
(além do gozo reprimido) ?
O que tua boca não (me) calaria?
(...)
Tua febre (me) molhando,
minha cadência demorada,
repetida,
seguida,
te acelerando,
até tua frequência ritmada
dis-parar,
tua voz arquejante,
descompassada,
irregular,
calar meus sussurros cegos,
tua carne trêmula, 
em meus braços,
se acalmar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

APENAS MAIS UMA (332)

O que mais dizer?
São apenas lamentos
(...)
Antes das boas vindas, sempre despedidas.
Saboreio amores
(só)
Digo adeus forçosamente.
Guardo como companhia a amargura de tua lembrança
(tão minha),
embriagando o meu corpo à procura do teu,
mas
(sem êxito)
já não o encontro
(...)
e só o que me resta
é por-te em linha
pra por-te um ponto
(final).


domingo, 27 de março de 2011

A TRÍADE MORIBUNDA CAMBALEANTE (333)

Almas penadas,
Corpos encarnados,
Almas encarnadas,
Corpos penados.
Duas mulheres e um homem.
Melanina,
Sem
e um pouco de ambos,
um Mestiço
(indefinido e indefinível).
(...)
Enfermos retardatários gregários convergentes de toda a sorte de males.
Nem os unguentos lhes cabem,
Seus corpos os repelem aos blocos
(são mais perigosos surpreendentes que aconselháveis).
SUI GENERIS
Acometidos de todas as ites, todos os ismos,
doenças oportunistas, que se aproveitam da sintonia física,
da defesa química atraente
e ali se instalam com propriedade,
muitas vezes como hóspedes passageiros,
outras tantas como residentes inevitáveis, inconvenientes, persistentes.
(...)
Mas a teimosia permeia aos três pilares.
Jamais se rendem
aos apelos limitantes.
Apenas permitem
que a LUZ os atravesse,
que o SOL os esquente,
que o SANGUE lhes ferva,
que o MAR os salgue,
que a NOITE os abrace,
que o FRIO os resfrie
que o INCERTO os leve,
que a EMBRIAGUEZ os alcance,
que o que HÁ os surpreendam,
que a TERRA lhes dêem um chão,
mas que nunca os sufoquem (só se prendem por vontade e quase nunca o querem).
(...)
Vanguardistas Tradicionais,
O caminhar é permeado de intenções escusas e vicissitudes.
O quadril é dança (malemolência) que carrega muito de sua herança (chegada na cor),
por menos que pareça, por mais óbvio que seja.
(...)
Em corpos trocados e nem tanto,
O feminino impera, traz pra si.
O masculino se impõe, oferece sua força (abre caminhos), cobra respeito, protege.
E a madrugada os traga,
engolem vida,
devoram, digerem, absorvem,
ansiosos por mais,
nunca se esgotam,
mentes irrequietas (inquietantes).
(...)
Por onde passam legam sua identidade.
Jamais desapercebidos,
BELOS,
não os permitem silenciar
e continuam (insaciáveis),
TALENTOSOS,
viajantes dispersos e coesos,
em TRÊS,
em TRIO,
em COMUM,
apoiando-se,
cambaleando pela rua,
até o próximo cais,
até a próxima morada,
até a próxima partida,
até MAIS (...)

MERETRIZ (334)

Nua, 
na rua crua,
sujeita a toda e qualquer sorte.
(...)
Alcunham-te prostituta
e te esquecem mulher.
(...)
Os à margem que te procuram, 
te arrastam para a exclusão que experimentam,
te infligem dores, 
doenças do corpo e do caráter,
teu legado,
te desgastam teu valor.
(...)
Tu carregas o ônus de ser julgada, 
teu corpo usado,
fragilizado,
esconde os estigmas.
(...)
Tu és flagrante escancarado que não se aceita,
se relega às esquinas e aos quartos úmidos
de prazeres solitários.
(...)
Tua realidade é fria,
só,
tua vontade,
congelas,
somente o teu desejo não se compra,
finge-o,
guarda-o
e o teu gozo,
e é só teu.


quinta-feira, 24 de março de 2011

SEGUE (?) (335)

Gostaria tão somente de dizer-te VAI,
com a convicção de quem apenas segue 
sem se impor o risco de se tornar SAL.
Mas sinto que se tu me quiseres,
apenas serei EU,
pontualmente referenciada no presente.
Um instante e temo te aceitares e à tua sorte,
sem sopesar o tempo
(repetitivo) 
nem tão passado,
(quase in-evitável),
minha palavra (curvada),
minhas promessas (des-feitas),
nossas dívidas e muitas dores,
comuns 
(e não nossas).

(IN) DISCRETO (336)

Não me escancare tanto ao mundo (me guarde)
Deixe um pouco pra mim (só) pra mim (...)
Quando me leio em ti (desperto) o que havia tão bem reservado (revolvo sentimentos sinceros)
É inevitável o choro,
a voz embargada,
os olhos marejados,
o coração apertado,
esta agonia que me es-vazia (...)
Não me escancare tanto ao mundo (me proteja)
Permita apenas que eu minta (dissimule) corrija, me defenda (não reviva).
Não me dê nome (batismo)
Não me dê endereço (diga somente que tenho casa)
Permita apenas que eu encerre (vigie)
enquanto me guio (rumo, prumo) por tantos meandros frios, renúncias quentes (prefira, pondere)
Permita que eu me descubra espontânea e nem tão (pouco) óbvia aos teus (quaisquer) olhos,
mas continue me observando, me traduzindo, me interpretando (me lendo)
porque gosto que me permitas (ser)
percorrendo a minha história (já tão sua, tão nossa)
e me contando (a minha vida) por tua guia
Me transcreva.
Me exponha.
Me narre.
Me apague.
Me dispa.
Me meça.

quarta-feira, 23 de março de 2011

MEIAS VERDADES (337)

Se me perguntares, digo que SIM.
Não quero mais me desculpar
(por quem sou)
Não aceito mais meias verdades
(que não são as minhas)
Fingir que não entendi
(deixar pra trás)
Relevar
(me relativizar).
Quero expor o meu rosto ao Sol,
(minhas vontades)
minhas costas para tu te apoiares
(dormires),
meus braços para te acolher,
meu colo para te aconchegar,
minha boca pra te cegar,
minhas mãos pra tu esperares (...)
E porque não?
Quero apenas saber se (o que) posso,
até onde ir (...)
E se não se permite.
E se não me permite.
(paciência)
Sigo,
sem pesar (...)
sem (me) pesar e sem deixar que (tu) me pese.

domingo, 20 de março de 2011

SI (338)

Já pensei em desistir tantas vezes e voltar atrás,
te pedir desculpas pelos erros que não cometi e por tantos outros aos quais dei nome,
mas nada nos seria de valia (nada nos serviria).
Somos sucumbentes em tão nosso (próprio) amor
e saber disso, de nossa impossibilidade amputante (deficiente) alijante,
me dói tanto e me traz tão profunda tristeza (...)
Penso em te escrever mensagens que só tu entenderias, te contando como são os meus dias,
mas percebo que retornar não é o caminho
e retornar não seria bem-dito (...)
Ser? Nunca fomos (o que o meu e o que o teu queria),
nossos desejos nunca se uniram, tão somente se enlaçaram,
apenas o meu e o teu amor, a tua e a minha vontade de ficar, nos permitia (...)
sinto tua falta, mas continuo caminhando, seguindo em frente, porque esta é a única linha,
embora continue te procurando (o que só em ti senti, o que só contigo re-vivi)
e quem sabe, por acaso, não (ti) encontro e me perco em definitivo (de ti)?

quinta-feira, 10 de março de 2011

COM MILL IS (339)

Quem é você?
Que me mostra
(aos poucos)
o que quer
(de mim).
Que se permite
(hesita).
Me procura
(discreta-mente)
buscando saber
se te percebo,
se te aceito,
se te renego (...)
Teme que eu saiba de ti
mais do que "devo" 
(deveria),
que te rejeite,
que te exponha,
o que guarda tão bem que somente a nós "cabe" 
(caberia).
Então permito que venha e
peço que apenas venha
(sem medo)
com fome,
com sede,
sem pudores (...)
Por que te aceito, 
te quero,
te recebo,
Me engasgo em (tão nosso) desejo,
(co) respondo aos teus apelos,
me entrego.

(IN)FIDELIDADE (340)


(embora).
É sempre a melhor opção
(alternativa).
Diga não
(siga em frente).
Trilhe o (no) caminho dantes traçado, persista
(desvie)
Satisfaça-se
(a sós)
apenas passa (...)
De outro lado
(desista)
Mude o alvo, permita
(não "tente")
apenas passe
(adiante o passo)
escolha
(dentre todas)
escolhas.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

FRAGAMENTOS II (341)

Ando por aí
antecipando teus passos
e aguardando
pelo dia em que
tua luz (que me guia)
não mais me cegue (...)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

(DIS)TRATO (342)

Já desisti tantas vezes de você,
que nem me abalam tuas ausências (sãs).
Tu és escorregadia, escapas de minhas mãos (meu domínio).
Tu vais e voltas com tanta facilidade
e tantas razões e tanta propriedade,
que sempre me curvo (relevo).
Já não me desgasto (consumo),
nos levando tão a sério (...)
Também não te espero.
Se não vens (não me acompanhas),
ficas pra trás (...)
te deixo (guardado) aguardando meu retorno (certo).
E assim te dobro, te adestro, te moldo,
do jeitinho que eu quero, mas por vontade tua (...)
só tua.

O VERSO (343)

Me esvazio (...)
Depois que te organizo (componho),
Me relego ao prazer do ócio (puro),
Me entrego à preguiça (sã).
Te escrevo encadeado (com elos)
no início te pareces apenas com linhas e traços,
mas ganhas forma (corpo), volume (curvas), cadência (melodia) 
e já no final - não te controlo mais (te cuspo), paro-o com facilidade (pressa),
para que não te percas, 
para que tu não escapes de mim (levianamente) e desapareças (nunca se faça).
Sou teu instrumento (a tua via única)
e quero que me uses
(conforme)
Se crie.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

(IM)PREVISÍVEL(?) (344)

Já não me enganas (surpreendes)
com tuas artimanhas, teus meandros, teus medos (...)
Me divirto com tuas desculpas esfarrapadas
(já sei o que será)
quem escolherás dentre nós dois (...)
Acho graça do teu embaraço futuro,
adoro teu cuidado,
teu receio (de perda),
tua dúvida (...) tua necessidade de equilibrar-se
(nos administrar).
Já não me incomoda
(me interesso) 
enceno constrangimento,
faço minha parte,
meu papel
(ajo como tu esperas).
Aceito tua presença,
tua ausência (de nem tão bom grado),
tua (in)constância (...)
Eu quero e relevo.

FRÍVOLO (345)

Te afronto com palavras chulas (pra ver se te desperto).
Tu sempre preenches tua realidade nua e crua com tantas matizes cintilantes, tanta poesia que ali não cabe (...)
Enxergas luz onde só vejo sombras, possibilidades que não se concretizam, PARTES inacabadas, somente potenciais (...)
Te satisfazes com tão pouco, que nunca te permites irdes além (...)
Repudias qualquer perspectiva de retorno, reencontro, recomeço, rotina (INTIMIDADE).
E segues (...)
tingindo os encontros gris
SOLITÁRIO
Só por vontade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CÉTICA (346)

Caminho por aí sem procurar por respostas.
No peito já carrego tantas decepções e mágoas,
que apenas me abnego em seguir (...)
Em verdade, elas nem (tão pouco) me interessam (...)
Me compadeço em acreditar em poucos pedaços, que me bastam (bastem).
Não entendo como pode haver o incorreto, o errado,o vil, o perverso, o malévolo (...)
Não és TU o início (?), o começo (?)
Me divirto com tão cegos (menosprezo), 
imprudentes, tementes (infiéis), desatentos, dispersos, desonestos (...)
De cá, 
me disciplino, luto (renego),
renuncio (rejeito) o incerto,
sigo em linha reta (racionalizo no (o) que posso),
não transijo (valores),
cumpro minha rotina (dia após dia),
não aceito minha (qualquer) sina,
não anseio,
já não espero (...)

DESTINO (347)

Não tenho um plano B,
trato a vida em linha reta
e ela se compraz em compadecer,
acontecer como o previsto (obedecer) em SEU tempo (...)
Mas que convicção será esta,
que me faz acreditar no único caminho possível:
aquilo (o que) se segue (?)
Sem me perder (erro), mas não nego
e continuo (firme),
perseguindo, 
intuo o que é possível (me abnego),
me permito levar (me levo)
e me encontro (exatamente) 
onde deveria estar (...)
Me aprumo,
rumo (...)
ao encontro do
(in) certo (?)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CARTA AOS QUE QUEREM (348)

Quero mais que experimentar (esquecer o medo)
Quero mais que beber (matar a sede)
Quero mais que provar (comer)
Quero mais que fumar (tragar)
Quero mais que brindar (vencer)
Quero mais que transar (gozar)
Quero mais que viver (alcançar o amor)
Quero mais que encontrar o caminho (me perder)
Quero mais que companhia (cumplicidade)
Quero mais que escolher (acreditar)
Quero mais que seguir (ter fé)
Quero mais que errar (aprender)
Quero mais que conhecer (compreender)
Quero mais que o remorso, o rancor (perdoar)
Quero mais que enxergar (A LUZ)
Outra vez e de novo e de novo e de novo,
Até me fartar,
Saciar a fome,
Satisfazer a sede,
Evoluir (me findar).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DESENCONTRO (349)

Fartei-me de amores partidos,
refeições frias (desperdício).
Saudades?
Não as sinto mais.
Carrego apenas lembranças frias,
imagens sem cor, 
cheiros sem gosto (...)
Não entendo como podia 
e me pergunto como seria se hoje estivesse (lá) em meu lugar (...)
Ele me caberia?

CICLO (350)

Que sensação estranha esta
de que a vida interrompe (?) seu curso e continua (...)
renova-se e se abstém de findar (...)
e dá e dá voltas
para superar-se, elevar-se (conhecer) 
e retorna de onde está,
pra tornar a voltar.

LEMBRANÇAS (351)

Luto pra não transferir tua simpatia,
te assisto pra matar minhas saudades (...)
Imagino como seria
se tu envelhecestes ao meu lado (...)
Os novos traços que se fariam presentes em teu rosto,
lembranças dos teus sorrisos, de tuas alegrias compartilhadas (...)
de tuas tristezas não ditas, de tuas lágrimas não guardadas (...)
de tuas preocupações diárias, de teus pequenos aborrecimentos (...)
Imagino como seria se não tivestes ido em (a) tão pouco tempo
e nos deixado a todos com SAUDADES tuas (...)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SOLIDÃO (352)

Descrentes, céticos (...)
Sós,
nascemos sós e assim permaneceremos (...)
A impressão que nos dá é a de que por mais que rejeitemos esta condição,
um dia a vida nos cobrará o seu retorno (...)
Sós,
nascemos sós e assim permaneceremos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

COTIDIANO (353)

A mercê das adversidades,
indo de encontro a todas as probabilidades,
abandonando  as conveniências e facilidades,
abraçando, por vezes, irresignadamente, a irracionalidade,
caminhando de braços dados com a insanidade (...)
Eu continuo ao seu lado,
não insisto,
apenas persisto em estar, e,
em verdade,
nunca pensei em desistir (...)
Mas não é assim que se constroem os grandes feitos?
Que se constituem os sentimentos fiéis,
aqueles que simplesmente FICAM ?
Só pela VONTADE?
Te amo e estou aqui,
olhe pra mim e me veja!

APARÊNCIA (354)

Tudo em nós é tão óbvio
(e) tão mais (e) tão pouco (...)
Quem nos vê
não consegue nos ler
além do que (pode) parecer.
Teus caminhos em mim são tortuosos, oblíquos, sinuosos (dissimulados)
me perco no que quero, duvido, renego (...)
O flagrante que há em mim, 
é o que em ti adormece, disfarça, escondes (rejeita).
Desminto (minto) amores sinceros,
Reconheço que espero, mas que não gostaria (...)
me enxergo, te desperto (em mim)
me desespero (...)
Pra meu tormento,
teu alento (cômodo)
porto seguro.

RETRIBUIÇÃO (355)

Que DEUS permita,
que a mim só chegue
quem realmente necessita (...)
pra que eu estenda o braço,
ofereça minha mão,
compartilhe do que me foi dado,
RETRIBUA (de bom grado).

ACORDANTIBUS (356)

Não me satisfaz recordar
o que poderia ter feito (por mim),
o que poderia ter sido (de mim).
Tenho fome e sede de REALIZAÇÃO, de VITÓRIAS (...)
Derrotas (?) que venham todas!
Saberei superá-las com a convicção de quem luta de peito aberto (sinceramente);
mas que venham, que a vida se desnude pra mim, que ela aconteça e me leve junto ao tempo,
que carregue essa sensação de vazio, dormência, inércia (passados).

COMUNHÃO (357)

Eu tenho o que em ti falta (...)
tudo o que a ti falta (...)
Você terá tudo (...)
Minha e tua (...)
Meu e teu (...)
Quem diria que estaríamos nós em posições opostas?
Você, ocupando (no) o que me cabe.
Eu? Onde Você deveria estar (...) o teu costume (...)
A luz em nós, a nenhum de nós pertence (...)
Nem minha, nem tua (e) NOSSA.

PRA VOCÊ, EU SÓ DIGO SIM (358)

O olhar desviado,
o não engasgado,
a voz suprimida (...)
O dito sim estornado,
a vontade diluída,
(o presente ausente).
Ah, se teus passos não me dissessem o que eu quero ler,
se tuas palavras meias não fossem a mim dirigidas,
se teus olhos não me fizessem ver (...)
De ti não espero um pouco mais,
apenas o devido, prometido (...)
Aguardo (?)
Aguada (?)
Quem sabe?

FRAGAMENTOS I (359)

Procuro-te pra disfarçar
meu constrangimento, minha decepção, minha agonia (...)
Entre você e ele (a) não há o meu lugar,
embora você o insinue (me guarde),
embora eu o aceite (te aguarde).

AOS MEUS AMORES (...) 360

Aos meus amores (termino só)
talvez porque sejam meus e não nossos,
talvez porque tenha me acostumado a doar ao invés de compartilhar (comungar)
Minhas batalhas (travo só)
Minhas derrotas amargas (somente a minha boca as sente)
Minha tristeza (convirjo)
Mas posso dizer,
que um dia há de ser (LUZ)
e não sombras (...)
FARTURA
e não desperdício (de) VONTADE.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DESATINO (361)

Eu quero ser o teu desequilíbrio,
a tua instabilidade,
o teu incômodo,
o teu medo,
a tua agonia (doce).
Quero constranger tua vontade,
desatinar teu juízo (...)
Quero ser uma constante irrequieta,
pensamentos repetitivos,
teu martírio,
tua delícia...
Até que te rendas (a mim),
aceite (a si),
me devore (...)

MARESIA (362)

Sinto teu gosto em minha boca
Você, pra mim, cheira a mar
Teu gosto (imagino)
seja salgado, viscoso, lisérgico (delicioso)
Você chega e me enche de ti
como o mar envolto
lutar
tentar impedir
(resistir)
apenas me cansa
em muito tempo (pra mim)
em pouco tempo (pra ti)
me rendo
me entrego (declino)
Você me arrasta pra tuas águas
tua luz (tuas sombras)
te absorvo por inteiro
te consumo com fome,
com sede
Você transborda em mim
me enche de ti
e quando se vai (recua)
me esvazia
me leva (leva-me)
maré-baixa,
mas quando de ressaca (me arrasta)
revolve, destrói
me reconstrói em ti (em mim, em nós)
pra ti
só (a sós) pra ti.

SEMELHANÇA (363)


Tua semelhança
chega a ser constrangedora (...)
SINTO SAUDADES TUAS (...)
Teu olhar me oprime,
Teu peito me sufoca,
Tua voz engasga meu choro,
Teu cheiro me engana (...)
Sinto SAUDADES TUAS,
embora te encontre
entre outros tantos
traços (...) 
SAUDADES (...)


GULA (364)



Nasceste pela BOCA
Come, Chupa, Cheira, Morde, Lambe (ENGOLE)
Afaga a ânsia que te consome: apraz (sacia?)
Procura por mais (...) antes que acabe (VIGIA)
Despreza o resto e só um ponto te alinha (FIXA)
Converge teus esforços: desatina (DESANDA)
DESCOMPASSA na única cadência: repetida, seguida (MECÂNICA)
Põe fim,
mas nunca se farta
(COMPLICA)



sábado, 5 de fevereiro de 2011

TERRA DO MEIO (365)


Nem aqui, nem lá
nem acima, nem abaixo, nem adiante (...)
Um qualquer estar
transeunte imobilizado
ali, bem lá
onde não se pode dizer onde si está,
com o que se parece (um lugar)
o que dizer de quem é (ausente) e lá está
como qualificar (classificar) ?
aquilo (aquele) que transita entre múltiplos e diversos caminhos (sub)
ocultos, dispersos, despertos (...) sem sair de onde é e lá está
Nada 
(tudo) 
em lugar algum 
(nenhum)
Sei lá !
e já não me importa (...)
Aqui é o meu lugar.