domingo, 27 de março de 2011

A TRÍADE MORIBUNDA CAMBALEANTE (333)

Almas penadas,
Corpos encarnados,
Almas encarnadas,
Corpos penados.
Duas mulheres e um homem.
Melanina,
Sem
e um pouco de ambos,
um Mestiço
(indefinido e indefinível).
(...)
Enfermos retardatários gregários convergentes de toda a sorte de males.
Nem os unguentos lhes cabem,
Seus corpos os repelem aos blocos
(são mais perigosos surpreendentes que aconselháveis).
SUI GENERIS
Acometidos de todas as ites, todos os ismos,
doenças oportunistas, que se aproveitam da sintonia física,
da defesa química atraente
e ali se instalam com propriedade,
muitas vezes como hóspedes passageiros,
outras tantas como residentes inevitáveis, inconvenientes, persistentes.
(...)
Mas a teimosia permeia aos três pilares.
Jamais se rendem
aos apelos limitantes.
Apenas permitem
que a LUZ os atravesse,
que o SOL os esquente,
que o SANGUE lhes ferva,
que o MAR os salgue,
que a NOITE os abrace,
que o FRIO os resfrie
que o INCERTO os leve,
que a EMBRIAGUEZ os alcance,
que o que HÁ os surpreendam,
que a TERRA lhes dêem um chão,
mas que nunca os sufoquem (só se prendem por vontade e quase nunca o querem).
(...)
Vanguardistas Tradicionais,
O caminhar é permeado de intenções escusas e vicissitudes.
O quadril é dança (malemolência) que carrega muito de sua herança (chegada na cor),
por menos que pareça, por mais óbvio que seja.
(...)
Em corpos trocados e nem tanto,
O feminino impera, traz pra si.
O masculino se impõe, oferece sua força (abre caminhos), cobra respeito, protege.
E a madrugada os traga,
engolem vida,
devoram, digerem, absorvem,
ansiosos por mais,
nunca se esgotam,
mentes irrequietas (inquietantes).
(...)
Por onde passam legam sua identidade.
Jamais desapercebidos,
BELOS,
não os permitem silenciar
e continuam (insaciáveis),
TALENTOSOS,
viajantes dispersos e coesos,
em TRÊS,
em TRIO,
em COMUM,
apoiando-se,
cambaleando pela rua,
até o próximo cais,
até a próxima morada,
até a próxima partida,
até MAIS (...)

MERETRIZ (334)

Nua, 
na rua crua,
sujeita a toda e qualquer sorte.
(...)
Alcunham-te prostituta
e te esquecem mulher.
(...)
Os à margem que te procuram, 
te arrastam para a exclusão que experimentam,
te infligem dores, 
doenças do corpo e do caráter,
teu legado,
te desgastam teu valor.
(...)
Tu carregas o ônus de ser julgada, 
teu corpo usado,
fragilizado,
esconde os estigmas.
(...)
Tu és flagrante escancarado que não se aceita,
se relega às esquinas e aos quartos úmidos
de prazeres solitários.
(...)
Tua realidade é fria,
só,
tua vontade,
congelas,
somente o teu desejo não se compra,
finge-o,
guarda-o
e o teu gozo,
e é só teu.


quinta-feira, 24 de março de 2011

SEGUE (?) (335)

Gostaria tão somente de dizer-te VAI,
com a convicção de quem apenas segue 
sem se impor o risco de se tornar SAL.
Mas sinto que se tu me quiseres,
apenas serei EU,
pontualmente referenciada no presente.
Um instante e temo te aceitares e à tua sorte,
sem sopesar o tempo
(repetitivo) 
nem tão passado,
(quase in-evitável),
minha palavra (curvada),
minhas promessas (des-feitas),
nossas dívidas e muitas dores,
comuns 
(e não nossas).

(IN) DISCRETO (336)

Não me escancare tanto ao mundo (me guarde)
Deixe um pouco pra mim (só) pra mim (...)
Quando me leio em ti (desperto) o que havia tão bem reservado (revolvo sentimentos sinceros)
É inevitável o choro,
a voz embargada,
os olhos marejados,
o coração apertado,
esta agonia que me es-vazia (...)
Não me escancare tanto ao mundo (me proteja)
Permita apenas que eu minta (dissimule) corrija, me defenda (não reviva).
Não me dê nome (batismo)
Não me dê endereço (diga somente que tenho casa)
Permita apenas que eu encerre (vigie)
enquanto me guio (rumo, prumo) por tantos meandros frios, renúncias quentes (prefira, pondere)
Permita que eu me descubra espontânea e nem tão (pouco) óbvia aos teus (quaisquer) olhos,
mas continue me observando, me traduzindo, me interpretando (me lendo)
porque gosto que me permitas (ser)
percorrendo a minha história (já tão sua, tão nossa)
e me contando (a minha vida) por tua guia
Me transcreva.
Me exponha.
Me narre.
Me apague.
Me dispa.
Me meça.

quarta-feira, 23 de março de 2011

MEIAS VERDADES (337)

Se me perguntares, digo que SIM.
Não quero mais me desculpar
(por quem sou)
Não aceito mais meias verdades
(que não são as minhas)
Fingir que não entendi
(deixar pra trás)
Relevar
(me relativizar).
Quero expor o meu rosto ao Sol,
(minhas vontades)
minhas costas para tu te apoiares
(dormires),
meus braços para te acolher,
meu colo para te aconchegar,
minha boca pra te cegar,
minhas mãos pra tu esperares (...)
E porque não?
Quero apenas saber se (o que) posso,
até onde ir (...)
E se não se permite.
E se não me permite.
(paciência)
Sigo,
sem pesar (...)
sem (me) pesar e sem deixar que (tu) me pese.

domingo, 20 de março de 2011

SI (338)

Já pensei em desistir tantas vezes e voltar atrás,
te pedir desculpas pelos erros que não cometi e por tantos outros aos quais dei nome,
mas nada nos seria de valia (nada nos serviria).
Somos sucumbentes em tão nosso (próprio) amor
e saber disso, de nossa impossibilidade amputante (deficiente) alijante,
me dói tanto e me traz tão profunda tristeza (...)
Penso em te escrever mensagens que só tu entenderias, te contando como são os meus dias,
mas percebo que retornar não é o caminho
e retornar não seria bem-dito (...)
Ser? Nunca fomos (o que o meu e o que o teu queria),
nossos desejos nunca se uniram, tão somente se enlaçaram,
apenas o meu e o teu amor, a tua e a minha vontade de ficar, nos permitia (...)
sinto tua falta, mas continuo caminhando, seguindo em frente, porque esta é a única linha,
embora continue te procurando (o que só em ti senti, o que só contigo re-vivi)
e quem sabe, por acaso, não (ti) encontro e me perco em definitivo (de ti)?

quinta-feira, 10 de março de 2011

COM MILL IS (339)

Quem é você?
Que me mostra
(aos poucos)
o que quer
(de mim).
Que se permite
(hesita).
Me procura
(discreta-mente)
buscando saber
se te percebo,
se te aceito,
se te renego (...)
Teme que eu saiba de ti
mais do que "devo" 
(deveria),
que te rejeite,
que te exponha,
o que guarda tão bem que somente a nós "cabe" 
(caberia).
Então permito que venha e
peço que apenas venha
(sem medo)
com fome,
com sede,
sem pudores (...)
Por que te aceito, 
te quero,
te recebo,
Me engasgo em (tão nosso) desejo,
(co) respondo aos teus apelos,
me entrego.

(IN)FIDELIDADE (340)


(embora).
É sempre a melhor opção
(alternativa).
Diga não
(siga em frente).
Trilhe o (no) caminho dantes traçado, persista
(desvie)
Satisfaça-se
(a sós)
apenas passa (...)
De outro lado
(desista)
Mude o alvo, permita
(não "tente")
apenas passe
(adiante o passo)
escolha
(dentre todas)
escolhas.