domingo, 27 de março de 2011

MERETRIZ (334)

Nua, 
na rua crua,
sujeita a toda e qualquer sorte.
(...)
Alcunham-te prostituta
e te esquecem mulher.
(...)
Os à margem que te procuram, 
te arrastam para a exclusão que experimentam,
te infligem dores, 
doenças do corpo e do caráter,
teu legado,
te desgastam teu valor.
(...)
Tu carregas o ônus de ser julgada, 
teu corpo usado,
fragilizado,
esconde os estigmas.
(...)
Tu és flagrante escancarado que não se aceita,
se relega às esquinas e aos quartos úmidos
de prazeres solitários.
(...)
Tua realidade é fria,
só,
tua vontade,
congelas,
somente o teu desejo não se compra,
finge-o,
guarda-o
e o teu gozo,
e é só teu.


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