quarta-feira, 28 de junho de 2023

Véspera (308)

Nosso amor morreu de véspera.

Nasceu.

Poderia ter florescido, crescido, brilhado com a força de mim sóis.

Mas morreu...

Morreu de futuro, apressado, engasgado, sufocado.

Morreu.

Morreram nossas filhas (gêmeas), que no virão.

Morreu nossa família, tão sonhada...

Sonhada por quem?

Morreu.

Morri sozinha.

Nadei, nadei, nadei...

Morri.

Morreu?

Resiliência (309)

 Ao se despedirem, não havia raiva, não havia rancor, não havia revolta, não houve luta, nem tão pouco pavor.

Estava consumado, ponto. 

A sina de ambas se cumpria. 

Uma primeiro, depois a outra, a esperar ...

E apenas a tristeza de um enfadonho destino a uni-las novamente.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

(Des)Caminho (310)

Desejastes, ainda que inconscientemente, desejastes o fim... Como um atalho, uma desculpa esfarrapada, para que pudesses remover a bem maldita pedra.

Mas tu não o sabias e nem o esperava... Se fez um novo caminho e terás então de aprender a conviver com teus demônios, que agora têm nome e habitam sob tua pele, sussurrando em teus ouvidos teus maiores medos, não somente aquele da essência natural, do deixar de existir, mas sobretudo aquele, este sim, teu fiel companheiro de jornada, aquele que tem nome de estigma, rejeição, julgamento de bocas amargas e sedentas por censura.

Da ferida que nunca cessa de sangrar, que se abre em carne viva, dia após dia, que demanda teus cuidados, que te consome, que agora te dá nome e que carrega o teu nome, na tentativa de dobrar-te, vencer-te, levar-te à exaustão. 

Mas não, para não dizer que não falei de flores: Não! Não! Não! 

A vida sempre encontra um caminho de se refazer, de se reinventar, de renascer, nem que seja a fórceps, como este amargo remédio que agora tu experimentas. Uma correção de rota, para abrir-te os olhos para tua beleza, força e dignidade.

Levanta-te, que o todo é muito maior que nós. Faz de tua condição uma fortaleza, mostra o caminho da autorressurreição para aqueles que esperam, que rogam todos os dias em prece por teu exemplo, em um ato de entrega e fé...para quem sabe um dia, quem sabe um dia...sermos dignos e capazes de agradecer a todas as pedras, a todos os demônios, conhecidos e desconhecidos.

Faz do descaminho o teu caminho e o de tantos outros iguais a ti.

Levanta! Que é tempo de renascimento e a vida te aguarda.

Nó (311)

Guardo tuas alegrias

Teus caminhos de laço encantado

Para meus pés

Labirinto

Fio invisível a nos acompanhar


Cultivo girassóis para que a luz te alcance

Um afago a te sustentar

Uma lembrança de casa 

tão distante

por onde quer que você ande


Embora esteja sempre contigo

Tua presença certa


Cheguei antes "para sinalizar"

Neste auto exílio (im)posto

Nossa missão


O véu a nos ignorar, distrair por entre vastidões secas, desertos úmidos, novos mundos


Aguardo então ser digna

Para enfim te desejar as boas vindas

Seja bem-vinda

Eras e Eras (312)

Para você que é meu sonho mais bonito

Mesmo quando eu tinha tudo, era a sua falta que eu sentia e persistia

A saudade tinha seu nome, sempre teve, mesmo antes de reencontrá-la, de saber quem eu era, de saber quem tu eras

E por eras e eras, procurei

Incansavelmente procurei por você

Até merecê-la 

Foi por você, meu sonho mais bonito

Foi por você, sempre

Tudo sempre foi por você.

Eu quero perder (313)

Eu quero perder

Eu quero me perder

Quero esquecer de mim, me refazer, desconstruir

Abandonar a invenção de quem eu sou, de quem nós somos

Uma ode à mudança constante, inevitável, irrefreável

À inversão do que julgo

Até me consumir

Me completar

Me confundir

Voltar

Ao redor e para dentro

Ser

É

Saber

Eu To-mar

Imerso na consciência de quem EU SOU

Na-da(r)

É

Uma ode ao amor! Ele há de permear nossas vidas e nos perdoar e a nós mesmos.

Uma ode à esperança!

Coragem!

Celebremos, é tempo de luzes!

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Anjo Azul (314)

Eu quero te contar de tua beleza,
não aquela que salta aos olhos,
mas aquela que só os atentos podem ver.
Deixe eu te contar de tua coragem
(de se submeter)
de bom grado e por escolha,
enfrentar as intempéries de um mar revolto em tempestade,
na tentativa de se tornar farol,
rastro de luz e esperança,
a tantos e tantos náufragos, quase afogados, em sua própria dor e agonia.
Deixe eu te contar de tua coragem
de experimentar o descaminho, o desamparo, o desalento, a ignorância...
por amor, só por amor,
para reconstruir, reordenar, reinventar,
deixar gravado o caminho magnético a seguir...a cura, tão rogada, tão suplicada, tão esperada cura.
És a resposta em forma de prece, a mão estendida.
Deixa fluir!
Não te preocupas, nem te questiones,
apenas seja Bendita!