terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

FRAGAMENTOS II (341)

Ando por aí
antecipando teus passos
e aguardando
pelo dia em que
tua luz (que me guia)
não mais me cegue (...)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

(DIS)TRATO (342)

Já desisti tantas vezes de você,
que nem me abalam tuas ausências (sãs).
Tu és escorregadia, escapas de minhas mãos (meu domínio).
Tu vais e voltas com tanta facilidade
e tantas razões e tanta propriedade,
que sempre me curvo (relevo).
Já não me desgasto (consumo),
nos levando tão a sério (...)
Também não te espero.
Se não vens (não me acompanhas),
ficas pra trás (...)
te deixo (guardado) aguardando meu retorno (certo).
E assim te dobro, te adestro, te moldo,
do jeitinho que eu quero, mas por vontade tua (...)
só tua.

O VERSO (343)

Me esvazio (...)
Depois que te organizo (componho),
Me relego ao prazer do ócio (puro),
Me entrego à preguiça (sã).
Te escrevo encadeado (com elos)
no início te pareces apenas com linhas e traços,
mas ganhas forma (corpo), volume (curvas), cadência (melodia) 
e já no final - não te controlo mais (te cuspo), paro-o com facilidade (pressa),
para que não te percas, 
para que tu não escapes de mim (levianamente) e desapareças (nunca se faça).
Sou teu instrumento (a tua via única)
e quero que me uses
(conforme)
Se crie.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

(IM)PREVISÍVEL(?) (344)

Já não me enganas (surpreendes)
com tuas artimanhas, teus meandros, teus medos (...)
Me divirto com tuas desculpas esfarrapadas
(já sei o que será)
quem escolherás dentre nós dois (...)
Acho graça do teu embaraço futuro,
adoro teu cuidado,
teu receio (de perda),
tua dúvida (...) tua necessidade de equilibrar-se
(nos administrar).
Já não me incomoda
(me interesso) 
enceno constrangimento,
faço minha parte,
meu papel
(ajo como tu esperas).
Aceito tua presença,
tua ausência (de nem tão bom grado),
tua (in)constância (...)
Eu quero e relevo.

FRÍVOLO (345)

Te afronto com palavras chulas (pra ver se te desperto).
Tu sempre preenches tua realidade nua e crua com tantas matizes cintilantes, tanta poesia que ali não cabe (...)
Enxergas luz onde só vejo sombras, possibilidades que não se concretizam, PARTES inacabadas, somente potenciais (...)
Te satisfazes com tão pouco, que nunca te permites irdes além (...)
Repudias qualquer perspectiva de retorno, reencontro, recomeço, rotina (INTIMIDADE).
E segues (...)
tingindo os encontros gris
SOLITÁRIO
Só por vontade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CÉTICA (346)

Caminho por aí sem procurar por respostas.
No peito já carrego tantas decepções e mágoas,
que apenas me abnego em seguir (...)
Em verdade, elas nem (tão pouco) me interessam (...)
Me compadeço em acreditar em poucos pedaços, que me bastam (bastem).
Não entendo como pode haver o incorreto, o errado,o vil, o perverso, o malévolo (...)
Não és TU o início (?), o começo (?)
Me divirto com tão cegos (menosprezo), 
imprudentes, tementes (infiéis), desatentos, dispersos, desonestos (...)
De cá, 
me disciplino, luto (renego),
renuncio (rejeito) o incerto,
sigo em linha reta (racionalizo no (o) que posso),
não transijo (valores),
cumpro minha rotina (dia após dia),
não aceito minha (qualquer) sina,
não anseio,
já não espero (...)

DESTINO (347)

Não tenho um plano B,
trato a vida em linha reta
e ela se compraz em compadecer,
acontecer como o previsto (obedecer) em SEU tempo (...)
Mas que convicção será esta,
que me faz acreditar no único caminho possível:
aquilo (o que) se segue (?)
Sem me perder (erro), mas não nego
e continuo (firme),
perseguindo, 
intuo o que é possível (me abnego),
me permito levar (me levo)
e me encontro (exatamente) 
onde deveria estar (...)
Me aprumo,
rumo (...)
ao encontro do
(in) certo (?)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CARTA AOS QUE QUEREM (348)

Quero mais que experimentar (esquecer o medo)
Quero mais que beber (matar a sede)
Quero mais que provar (comer)
Quero mais que fumar (tragar)
Quero mais que brindar (vencer)
Quero mais que transar (gozar)
Quero mais que viver (alcançar o amor)
Quero mais que encontrar o caminho (me perder)
Quero mais que companhia (cumplicidade)
Quero mais que escolher (acreditar)
Quero mais que seguir (ter fé)
Quero mais que errar (aprender)
Quero mais que conhecer (compreender)
Quero mais que o remorso, o rancor (perdoar)
Quero mais que enxergar (A LUZ)
Outra vez e de novo e de novo e de novo,
Até me fartar,
Saciar a fome,
Satisfazer a sede,
Evoluir (me findar).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DESENCONTRO (349)

Fartei-me de amores partidos,
refeições frias (desperdício).
Saudades?
Não as sinto mais.
Carrego apenas lembranças frias,
imagens sem cor, 
cheiros sem gosto (...)
Não entendo como podia 
e me pergunto como seria se hoje estivesse (lá) em meu lugar (...)
Ele me caberia?

CICLO (350)

Que sensação estranha esta
de que a vida interrompe (?) seu curso e continua (...)
renova-se e se abstém de findar (...)
e dá e dá voltas
para superar-se, elevar-se (conhecer) 
e retorna de onde está,
pra tornar a voltar.

LEMBRANÇAS (351)

Luto pra não transferir tua simpatia,
te assisto pra matar minhas saudades (...)
Imagino como seria
se tu envelhecestes ao meu lado (...)
Os novos traços que se fariam presentes em teu rosto,
lembranças dos teus sorrisos, de tuas alegrias compartilhadas (...)
de tuas tristezas não ditas, de tuas lágrimas não guardadas (...)
de tuas preocupações diárias, de teus pequenos aborrecimentos (...)
Imagino como seria se não tivestes ido em (a) tão pouco tempo
e nos deixado a todos com SAUDADES tuas (...)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SOLIDÃO (352)

Descrentes, céticos (...)
Sós,
nascemos sós e assim permaneceremos (...)
A impressão que nos dá é a de que por mais que rejeitemos esta condição,
um dia a vida nos cobrará o seu retorno (...)
Sós,
nascemos sós e assim permaneceremos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

COTIDIANO (353)

A mercê das adversidades,
indo de encontro a todas as probabilidades,
abandonando  as conveniências e facilidades,
abraçando, por vezes, irresignadamente, a irracionalidade,
caminhando de braços dados com a insanidade (...)
Eu continuo ao seu lado,
não insisto,
apenas persisto em estar, e,
em verdade,
nunca pensei em desistir (...)
Mas não é assim que se constroem os grandes feitos?
Que se constituem os sentimentos fiéis,
aqueles que simplesmente FICAM ?
Só pela VONTADE?
Te amo e estou aqui,
olhe pra mim e me veja!

APARÊNCIA (354)

Tudo em nós é tão óbvio
(e) tão mais (e) tão pouco (...)
Quem nos vê
não consegue nos ler
além do que (pode) parecer.
Teus caminhos em mim são tortuosos, oblíquos, sinuosos (dissimulados)
me perco no que quero, duvido, renego (...)
O flagrante que há em mim, 
é o que em ti adormece, disfarça, escondes (rejeita).
Desminto (minto) amores sinceros,
Reconheço que espero, mas que não gostaria (...)
me enxergo, te desperto (em mim)
me desespero (...)
Pra meu tormento,
teu alento (cômodo)
porto seguro.

RETRIBUIÇÃO (355)

Que DEUS permita,
que a mim só chegue
quem realmente necessita (...)
pra que eu estenda o braço,
ofereça minha mão,
compartilhe do que me foi dado,
RETRIBUA (de bom grado).

ACORDANTIBUS (356)

Não me satisfaz recordar
o que poderia ter feito (por mim),
o que poderia ter sido (de mim).
Tenho fome e sede de REALIZAÇÃO, de VITÓRIAS (...)
Derrotas (?) que venham todas!
Saberei superá-las com a convicção de quem luta de peito aberto (sinceramente);
mas que venham, que a vida se desnude pra mim, que ela aconteça e me leve junto ao tempo,
que carregue essa sensação de vazio, dormência, inércia (passados).

COMUNHÃO (357)

Eu tenho o que em ti falta (...)
tudo o que a ti falta (...)
Você terá tudo (...)
Minha e tua (...)
Meu e teu (...)
Quem diria que estaríamos nós em posições opostas?
Você, ocupando (no) o que me cabe.
Eu? Onde Você deveria estar (...) o teu costume (...)
A luz em nós, a nenhum de nós pertence (...)
Nem minha, nem tua (e) NOSSA.

PRA VOCÊ, EU SÓ DIGO SIM (358)

O olhar desviado,
o não engasgado,
a voz suprimida (...)
O dito sim estornado,
a vontade diluída,
(o presente ausente).
Ah, se teus passos não me dissessem o que eu quero ler,
se tuas palavras meias não fossem a mim dirigidas,
se teus olhos não me fizessem ver (...)
De ti não espero um pouco mais,
apenas o devido, prometido (...)
Aguardo (?)
Aguada (?)
Quem sabe?

FRAGAMENTOS I (359)

Procuro-te pra disfarçar
meu constrangimento, minha decepção, minha agonia (...)
Entre você e ele (a) não há o meu lugar,
embora você o insinue (me guarde),
embora eu o aceite (te aguarde).

AOS MEUS AMORES (...) 360

Aos meus amores (termino só)
talvez porque sejam meus e não nossos,
talvez porque tenha me acostumado a doar ao invés de compartilhar (comungar)
Minhas batalhas (travo só)
Minhas derrotas amargas (somente a minha boca as sente)
Minha tristeza (convirjo)
Mas posso dizer,
que um dia há de ser (LUZ)
e não sombras (...)
FARTURA
e não desperdício (de) VONTADE.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DESATINO (361)

Eu quero ser o teu desequilíbrio,
a tua instabilidade,
o teu incômodo,
o teu medo,
a tua agonia (doce).
Quero constranger tua vontade,
desatinar teu juízo (...)
Quero ser uma constante irrequieta,
pensamentos repetitivos,
teu martírio,
tua delícia...
Até que te rendas (a mim),
aceite (a si),
me devore (...)

MARESIA (362)

Sinto teu gosto em minha boca
Você, pra mim, cheira a mar
Teu gosto (imagino)
seja salgado, viscoso, lisérgico (delicioso)
Você chega e me enche de ti
como o mar envolto
lutar
tentar impedir
(resistir)
apenas me cansa
em muito tempo (pra mim)
em pouco tempo (pra ti)
me rendo
me entrego (declino)
Você me arrasta pra tuas águas
tua luz (tuas sombras)
te absorvo por inteiro
te consumo com fome,
com sede
Você transborda em mim
me enche de ti
e quando se vai (recua)
me esvazia
me leva (leva-me)
maré-baixa,
mas quando de ressaca (me arrasta)
revolve, destrói
me reconstrói em ti (em mim, em nós)
pra ti
só (a sós) pra ti.

SEMELHANÇA (363)


Tua semelhança
chega a ser constrangedora (...)
SINTO SAUDADES TUAS (...)
Teu olhar me oprime,
Teu peito me sufoca,
Tua voz engasga meu choro,
Teu cheiro me engana (...)
Sinto SAUDADES TUAS,
embora te encontre
entre outros tantos
traços (...) 
SAUDADES (...)


GULA (364)



Nasceste pela BOCA
Come, Chupa, Cheira, Morde, Lambe (ENGOLE)
Afaga a ânsia que te consome: apraz (sacia?)
Procura por mais (...) antes que acabe (VIGIA)
Despreza o resto e só um ponto te alinha (FIXA)
Converge teus esforços: desatina (DESANDA)
DESCOMPASSA na única cadência: repetida, seguida (MECÂNICA)
Põe fim,
mas nunca se farta
(COMPLICA)



sábado, 5 de fevereiro de 2011

TERRA DO MEIO (365)


Nem aqui, nem lá
nem acima, nem abaixo, nem adiante (...)
Um qualquer estar
transeunte imobilizado
ali, bem lá
onde não se pode dizer onde si está,
com o que se parece (um lugar)
o que dizer de quem é (ausente) e lá está
como qualificar (classificar) ?
aquilo (aquele) que transita entre múltiplos e diversos caminhos (sub)
ocultos, dispersos, despertos (...) sem sair de onde é e lá está
Nada 
(tudo) 
em lugar algum 
(nenhum)
Sei lá !
e já não me importa (...)
Aqui é o meu lugar.