Desejastes, ainda que inconscientemente, desejastes o fim... Como um atalho, uma desculpa esfarrapada, para que pudesses remover a bem maldita pedra.
Mas tu não o sabias e nem o esperava... Se fez um novo caminho e terás então de aprender a conviver com teus demônios, que agora têm nome e habitam sob tua pele, sussurrando em teus ouvidos teus maiores medos, não somente aquele da essência natural, do deixar de existir, mas sobretudo aquele, este sim, teu fiel companheiro de jornada, aquele que tem nome de estigma, rejeição, julgamento de bocas amargas e sedentas por censura e recalque.
Da ferida que nunca cessa de sangrar, que se abre em carne viva, dia após dia, que demanda teus cuidados, que te consome, que agora te dá nome e que carrega o teu nome, na tentativa de dobrar-te, vencer-te, levar-te à exaustão.
Mas não, para não dizer que não falei de flores: Não! Não! Não!
A vida sempre encontra um caminho de se refazer, de se reinventar, de renascer, nem que seja a fórceps, como este amargo remédio que agora tu experimentas. Uma correção de rota, para abrir-te os olhos para tua beleza, força e dignidade.
Levanta-te, que o todo é muito maior que nós. Faz de tua condição uma fortaleza, mostra o caminho da autorressurreição para aqueles que esperam, que rogam todos os dias em prece por teu exemplo, em um ato de entrega e fé...para quem sabe um dia, quem sabe um dia...sermos dignos e capazes de agradecer a todas as pedras, a todos os demônios, conhecidos e desconhecidos.
Faz do descaminho o teu caminho e o de tantos outros iguais a ti.
Levanta! Que é tempo de renascimento e a vida te aguarda.